Palestra do Dr Sadao Omote no 1º Congresso Nacional Online de Educação Familiar e Escolar em Autismo, que ocorrerá entre os dias 17 e 22 de outubro de 2016. O Congresso é Online e Gratuito!
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Autismo: Aparência e Julgamento da Competência
Resumo
O desempenho de uma pessoa é decorrência não só do que ela é, mas também de como ela é percebida por outras pessoas. Estas interagem com aquela em função de como a percebem.
Nessa percepção, a aparência da pessoa tem um importante papel. A aparência diz respeito ao tipo físico, a vestimenta e outros acessórios utilizados, e em especial a sua face. A face tem importante papel para as interações sociais. A expressão facial de emoções e a atratividade facial representam papel fundamental nessas interações.
A tendência é a de a pessoa com face atraente ser percebida como mais competente, em diversos aspectos, que uma outra com face menos atraente.
Criam-se assim expectativas mais positivas para crianças atraentes que para crianças não atraentes, o que pode resultar em melhores oportunidades e mais cobrança de crianças atraentes.
Desta maneira, o que era apenas expectativa de melhor desempenho pode até concretizar-se por meio do mecanismo conhecido por profecia auto-realizadora.
Pesquisas revelam que as faces com baixa atratividade tendem a ser associadas com deficiências e as faces com alta atratividade associadas com normalidade.
Quando as pessoas com diferentes graus de atratividade facial são apresentadas como sendo deficientes que se encontram em um atendimento especializado, a tendência é a de esperar que aquelas mais atraentes consigam tirar melhor proveito do atendimento, comparativamente às menos atraentes.
Em algumas situações, essa relação percebida ou atribuída pode ser quebrada, como quando é apresentada uma criança com alguma deficiência e com alta atratividade. Isso tende a causar certa perplexidade, porque há incongruência entre a face atraente e o que se esperaria da criança que tem essa face. Esse estado de certo desconforto causado por essa incongruência se chama dissonância cognitiva.
A tendência é a de as pessoas com dissonância cognitiva buscarem alguma alternativa para restaurar a consonância original: alta atratividade facial è normalidade. As crianças autistas podem causar impacto em pessoas comuns, dado o desencontro entre a sua aparência de normalidade e os comportamentos não esperados, imprevisíveis e até bizarros que elas podem apresentar.
Para resolver a dissonância cognitiva em relação à criança com autismo, as pessoas podem construir uma nova crença, capaz de conciliar as duas aparentemente incongruentes – a face atraente e comportamentos bizarros.
Por exemplo, a ideia de que a criança é malcriada ou a de que os pais não estão educando adequadamente pode justificar a incongruência observada.
Embora possa parecer rude e indelicada essa interpretação, trata-se simplesmente de uma reação de defesa por parte de pessoas que buscam solução para aquela dissonância cognitiva.
Em vista dos efeitos que a aparência pode ter sobre a percepção, interação e consequentes oportunidades e cobranças, o aprendizado para cuidar adequadamente da aparência deve ser tratado como parte das habilidades sociais a serem desenvolvidas por qualquer criança, com ou sem deficiência.
Título da Palestra: Autismo: Percepção da aparência e julgamento da competência
Publicado no site do 1º Congresso Nacional Online de Educação familiar e Ecolar em Autismo. O Congresso é Online e Gratuito. Garanta sua vaga agora em http://www.conefau.com.br
Sadao Omote - Psicólogo, USP (1971). Professor Titular (1999) e Livre-Docente (1992) em Educação Especial pela Universidade Estadual Paulista Mestre e Doutor em Psicologia pela USP. São Paulo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESP, Marília. Pesquisador CNPq, Produtividade em Pesquisa. Líder do Grupo de Pesquisa CNPq, UNESP: "Diferença, Desvio e Estigma". Autor e organizador de vários livros sobre Educação Especial, entre eles o Livro OMOTE, S.. Aparência e Competência: uma relação a ser