Já falamos anteriormente da necessidade de olharmos para os familiares. Permanecendo com esta bandeira, buscarei despertar neste post um pouco mais a sensibilidade ao cuidado com todos os envolvidos nesta temática. Carolina Gregorutti, Terapeuta Ocupacional, escreveu uma série de 3 artigos sobre Família e Autismo. Aí vai o terceiro!
COMO CONFIAR O CUIDADO DO MEU FILHO COM AUTISMO A ALGUÉM?
Olá leitores,
Já falamos anteriormente da necessidade de olharmos para os familiares. Permanecendo com esta bandeira, buscarei despertar neste post um pouco mais a sensibilidade ao cuidado com todos os envolvidos nesta temática.
É sabido que os cuidados exigidos por um indivíduo com TEA vão além dos objetivos que envolvem relações familiares primárias, pois é também um compromisso direcionado a uma condição da evolução do espectro.
Tais cuidados ofertados pelos familiares estão recobertos de angústias e espera de respostas que podem ou não ser correspondidas ao longo da vida. Desta maneira, o apelo das necessidades destes indivíduos, desde os primeiros dias que recebem o possível diagnóstico, pode ser maior, já que qualquer movimento e/ou gestos farão parte de um repertório fundamental para o seu desenvolvimento.
Passaremos então a observar que há uma estreita relação entre o cuidar e a atenção especial dada pelo familiares a estas crianças. O próprio termo “cuidadores familiares” que adotamos no post anterior nos remete a uma atenção com o outro de maneira especial.
É sabido que, o contrário de cuidado pode ser o descuido ou até o descaso. Nesse sentido, pensarmos em cuidar pode se referir muito mais que um simples ato, cuidar torna-se ao longo de nossas vidas uma atitude.
Seguramente abrange mais que um momento de atenção, partilha, cumplicidade, zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupar-se, de preocupar-se, de responsabilizar-se e principalmente de envolver-se afetivamente com a criança com autismo.
Será que todos estão preparados para dividir esta tarefa com estes pais?
Feita esta pergunta, ressalto que o cuidar ou o confiar “minha criança a alguém”, não é só uma conduta isolada para estes familiares. Pode ser um contato ainda mais profundo e intrínseco ao mundo em que estes familiares se inserem repleto de organizações e obrigações, incertezas e inseguranças, desejos e sonhos, enfim, confiar pode representar a inserção em um contexto de experiência de vida única, subjetiva e com um significado individual.
Os cuidadores familiares podem precisar adotar posturas defensivas diante das dificuldades encontradas durante o desenvolvimento de suas crianças, chegando a sentirem-se culpados pelas dificuldades ou fracassos delas.
Portanto, mais uma vez deixo como sugestão para todos que compõem a rede de apoio aos indivíduos com TEA, a respeito da necessidade de refletirmos sobre a importância que devemos dar aos familiares e o cuidado assíduo com estes. Levando sempre em consideração que toda essa situação pode prejudicar principalmente a pessoa com autismo, pois o diálogo entre a rede de apoio e a família tem como principal objetivo beneficiá-lo.
Desta maneira, para auxiliar estes familiares com sentimentos de inadequação ou impotência frente às características do TEA, podemos ajuda-los nesta caminhada mostrando as possibilidades existentes para melhor desempenho nas atividades cotidianas que a criança executa, bem como, esclarecer o conhecimento claro e correto destas possibilidades, assegurando o sentido real de parceria e cuidado.
Para que o tratamento ao indivíduo com TEA ocorra de fato, é necessário ter a consciência do processo de valorização pessoal de indivíduos com autismo e daqueles que o cercam, exercendo assim o respeito e o cuidado ao próximo sem vaidades pessoais.
Assim, seguimos...
Carolina Gregorutti -
Terapeuta Ocupacional (CREFITO 11/13221-TO), Mestre e Doutoranda em Educação Especial pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. Contato: https://www.facebook.com/T0CarolGregorutti