Artigo de Fatima de Kwant, jornalista, brasileira, mãe de um jovem adulto com autismo, que reside com sua família na Holanda. Idealizadora do Projeto Autimates Autistas são crianças durante dezoito anos, mas serão adultos durante toda a vida. A sociedade, através de seus órgãos responsáveis, tem o dever de tirá-los da invisibilidade.

 

AUTISTAS ADULTOS - O GRUPO INVISÍVEL

Segundo a Ciência, o autismo é um distúrbio neurológico do desenvolvimento. De acordo com o movimento autista internacional (ASAN), o autismo é apenas uma diferença neurológica. Independente da terminologia, ninguém pode negar que o Espectro Autista é um desafio.

 

O mundo vem aprendendo bastante sobre a síndrome. Praticamente todos os aspectos do autismo têm sido abordados na última década. Artigos, documentários, livros e demais testemunhos de pais e profissionais nos dão ótimas informações. Desde as prováveis causas (genéticas e por fatores ambientais) até a inclusão das crianças autistas em escolas e eventos sociais, o autismo é “hot item”. No entanto, o aspecto menos abordado é a fase posterior à infância e adolescência do autista: a vida adulta.

 

 

Enquanto pequenos, pais não medem esforços ao atenderem às especificidades de seus filhos. Tratamentos, terapias, medicação, escola inclusiva e dedicação integral fazem parte da sua agenda. As instituições governamentais, por sua vez, aderem à demanda, ainda que nem sempre otimamente. Bem ou mal, a criança autista consegue obter seus direitos através das leis recentes, criadas para sua proteção. Porém, ao completar a maioridade, essas “crianças” tornam-se cada vez mais invisíveis. A idade aumenta e os desafios também, não obstante o grau de autismo.

 

Enquanto os mais leves encontram dificuldade em terminar um curso superior, trabalhar, ou até em manter uma rotina diária, os autistas mais severos praticamente não saem de casa. Às vezes beirando o desespero, pais de autistas adultos procuram ajuda a fim de internar seus filhos, tentando evitar suas idas para instituições psiquiátricas totalmente inadequadas. Muitos, apesar da dedicação ainda integral, acostumaram-se a falta de opções. Mas quando seus filhos apresentam um (novo) comportamento agressivo ou de depressão, saem em busca de soluções que viabilizem o bem-estar das pessoas que mais amam no mundo. 

Nenhum pai ou mãe deveria enfrentar o sofrimento de saber que seu filho ou filha carece de assistência necessária ao seu caso específico. Seja qual for o problema, os autistas adultos devem ter direitos a benefícios que - muito vagarosamente - vêm sido cedidos às crianças.

 

Sugestões de assistência na idade adulta

 

Autismo leve:

- Mediação durante o curso superior

- Terapia (cognitiva, ocupacional, fonoaudiologia)

- Acompanhamento na entrada no mercado de trabalho

- Cursos de comunicação e interação social.

 

Autismo moderado e severo:

- Terapia ocupacional

- Fonoaudiologia

- Terapia da Comunicação Facilitada (CF); métodos Teacch, Pecs; comunicação através    de símbolos gráficos; desenhos; sinais

- Terapia individual no lar ou num centro específico para adultos autistas (C.E.A.A.)

- Acompanhamento em tarefas simples (em casa ou no C.E.A.A.)

- Moradia assistida – parcial ou integral.

 

É preciso que as entidades governamentais identifiquem a problemática do autismo na idade adulta e hajam de acordo, pois o autismo cresce e envelhece. As crianças autistas de ontem são os autistas adultos de hoje. As crianças autistas de hoje serão os autistas de amanhã.

 

Autistas são crianças durante dezoito anos, mas serão adultos durante toda a vida. A sociedade, através de seus órgãos responsáveis, tem o dever de tirá-los da invisibilidade.

 

Fatima De Kwant -

Fatima de Kwant, é jornalista, brasileira, mãe de um jovem adulto com autismo, que reside com sua família na Holanda. Idealizadora do Projeto Autimates, um projeto institucional vitalício, cujo propósito é promover a conscientização do autismo, informando a população mundial sobre todos os temas relacionados ao Espectro do Autismo.

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